Rogério Costa Pereira @ 00:32

Dom, 02/05/10

O povo doutros tempos dizia que quem não se sente não é filho de boa gente. Hoje, porque parece mal e paga pior, faz diferente. Neste tempo sem luvas (e não me refiro às exigências do tempo morno, mas ao focinho do filho-da-puta onde aquelas assentam bem — o século da afronta é eterno), neste tempo onde a ressentida bengalada nos cornos está tipificada como crime, onde os padrinhos só estão licenciados para exercer a sua função no baptistério, parece que é de bom-tom fazer de conta que o passado não se faz presente. Que não aconteceu. O estupor que nos socou ontem (ou aos nossos) deve ser hoje obscurecido pelo sol nublado da gravata pública que nos estica a mão — assim como quem segue para bingo sem ter feito linha.

Quem assim se deixa obrigar — porque e como sói — transforma uma estrela jovem em buraco negro. A pata deixada ao ar é pois um dever cósmico. De regulação universal, quero dizer, que a morte duma estrela é coisa grave.