Rogério Costa Pereira @ 02:00

Sab, 06/11/10

Lembro-me de ti todos os dias. Hoje calhou lembrar-me da resposta que me davas quando te perguntava o que havia para comer. Línguas de perguntador, respondias. E eram sempre boas, as línguas, viesse carne ou peixe. Hoje comemos castanhas assadas e lembrei-me do teu caldudo (que não levava nem leite nem acuçar). Tenho tantas saudades, meu amor. Na minha memória nunca estarás como na imagem que propositadamente esbati (à medida do que acharias razoável) para dar ao mundo. Quero mostrar-te e continuar a mostrar-te, pese embora haja para aí uns idiotas que acham que devo dar-te ao mundo pela bitola deles, o que equivaleria a não te mostrar (não ponho link em "idiotas" porque há pelo menos uma pessoa com quem estaria a ser injusto. Ela, que tem as mãos do teu bisneto, sabe quem é. Os restantes, como dirias, são uns reiródes. Por acção, e neste particular lembro-me dum certo inerte, atrelado de uma rapariguitazita, que me tentou explicar que não se sofre em público, ou por omissão - nestes incluem-se os charepos, gentes que querem estar bem com deus e com o diabo, e os seres que se estão a cagar ou que se acoitam no direito ao silêncio). Ensinaste-me o mau-feitio, que veio brindado com o não calar, com o não perdoar o que não tem perdão (que quem rasteira uma vez mantém a perna alçada). Bembondam os tempos da outra senhora.